Terapia e a chave para ser-se
“Que o ser do sujeito é fendido, Freud só fez redizê-lo de todas as formas, depois de descobrir que o inconsciente só se traduz em nós de linguagem, que tem, pois, um ser de sujeito” (LACAN, 1966/2003, p. 206)
Se o agente não é o agente da razão, mas o "isso" submisso ao outro e fanático seguidor de oráculos, o quão libertador pode ser o momento de "perceber-se sendo-se" em detrimento do "não ser ao estar outro"? Nesse sentido deve mover-se o desejo do analista, ao colocar-se à disposição do outro para que, esse outro que sofre, possa tão somente ser-se, esculpindo-se ao modelar a essência antes atuante em sintomas, em novos sentidos a serem vividos por opção em "plenitude".
Mas o que somos senão sintomas?
Como inúmeras vezes relatado na literatura psicanalítica, os sintomas fazem-se a mais alta expressão da história de um indivíduo, sendo então o sintoma a manifestação em essência de sua individualidade; o que nos leva novamente à proposição Lacaniana de que seriam os sintomas o mais próximo do Real por nós alcançável, a manifestação de um gozo fundamental ou o próprio gozo em si como conceitua Lacan ao definir que “por natureza, o sintoma não é como o acting out, que pede a interpretação, pois – esquecemos isso em demasia – o que a análise descobre sobre o sintoma é que ele não é um apelo ao Outro, não é aquilo que mostra ao Outro. O sintoma, por natureza, é gozo, (…) gozo encoberto (…), ele se basta.”.
O "fim" do percurso
A "real" liberdade forja-se então no instante do reconhecimento não mais que objetal de si, quando o sujeito abandona as amarras das fantasias fractais pelas quais se reconhece, assumindo o lugar de objeto que nada sendo, tudo pode enfim tornar-se.
Por Daniel S
Para MinhaTerapia.org